Certamente você já deve ter ouvido a frase “o lugar da mulher é onde ela quiser”, ainda mais no mês de março, quando a sociedade se organiza para evidenciar o movimento coletivo do “Dia oito”. Apesar de clichê, a afirmação ressalta o protagonismo feminino, que pode ser exercido em qualquer segmento profissional, como no agro.
E elas têm conquistado cada vez mais espaço! Estimativa elaborada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que as mulheres administram mais de 30 milhões de hectares – equivalente a 8,4% das áreas rurais do país.
Já levantamento da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) aponta que, atualmente, 30% das posições de comando já são ocupadas por mulheres no campo. Ainda, segundo estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), são cerca de um milhão de representantes femininas comandando propriedades do agronegócio no Brasil.
Exemplo deste protagonismo são as empresárias Priscila e Patrícia Favaretto, que assumiram à liderança da empresa da família, a Adagro, em Adamantina.
“Está cada vez mais comum encontramos mulheres no comando de empresas, exercendo atividades até então executadas exclusivamente por homens. E o agro tem possibilitado essa abertura. Claro que ainda somos minoria em muitos dos espaços, porém, estamos fazendo a diferença, não apenas nos cargos de liderança, mas em todas as cadeias produtivas do setor”, pontua a empresária Priscila Favaretto.
Outro exemplo emblemático deste fortalecimento refere-se a Teresa Vendramini – Teka, amiga e cliente da Adagro. Socióloga e pecuarista, natural de Florida Paulista, ela foi a primeira mulher em 100 anos a comandar a Sociedade Rural Brasileira (SRB), de 2020 a 2023, além de trazer em sua jornada, o orgulho de ser mãe, avó e empresária rural que faz parte da terceira geração de uma família com mais de 80 anos de dedicação à agropecuária.
Um dos principais desafios ainda enfrentados é a desconstrução de processos históricos, que colocavam a mulher em situação de inferioridade, não tendo acesso a serviços e direitos econômicos, políticos e sociais da sociedade.
Apesar dos avanços, com a conquista destes direitos e novas legislações que garantem igualmente, como projeto de lei assinado nesta quarta-feira (8), que estabelece aos empregadores que pagarem salários diferenciados a uma mulher que tem o mesmo tempo de casa, a mesma função e com escolaridade semelhante a um funcionário homem multa em 10 vezes o valor do maior salário pago na empresa, elas ainda têm que superar os pré-conceitos para avançar em setores considerados até então masculinos.
A discussão de temas como vem ganhando contornos especiais. No último 14 de março, a Andav promoveu debates transversais junto a líderes do Agro, intitulado Conexão Andav – Mulheres na Distribuição. Em sua terceira edição, o encontro, que reuniu mulheres de diversos segmentos da cadeia produtiva, discutiu temas importantes para o futuro do setor, como diversidade, inclusão, equidade e ESG. Na ocasião, Priscila Favaretto participou do evento ao lado de grandes mulheres do agro, como a Carolina Graça, diretora de SusterMbilidade LATAM da Bayer Crop Science e Sheila Albuqueuque, CEO da Agragalaxy. Entre o conteúdo apresentado, Sheila contou sobre sua trajetória profissional e sobre o importante apoio que recebeu para ir além e frisou: “Eu não quero um lugar na mesa de ninguém. quero uma mesa maior, que tenha espaço para todo mundo. Não basta apenas criarmos um ambiente e chamarmos mais mulheres para trabalhar conosco, elas precisam de um ambiente onde possam ser elas mesmas.”
“Independentemente das escolhas, a mulher tem que ser respeitada, protagonista da sua própria história. Ainda estamos em processo de construção para garantir realmente que o espaço ocupado por cada uma de nós seja realmente aquele que queremos estar”, finaliza Priscila Favaretto.